Nesta segunda-feira, dia 28 de junho, Dia do Orgulho LGBTQIA+, MC Mano Feu lança o seu hit de funk sapatão: “Linguadinha na XXT”. Cantora e compositora de funk há dez anos e autora da música “Sou Sapatão”, ela acredita que o novo hit estourará e ecoará pelo Brasil. “O som é bem chiclete e eu vejo muita potência nele, porque é sobre a gente, sobre mulheres que amam mulheres. Sem falar que, com o clipe, que está incrível, e a nossa equipe maravilhosa, não tem como não dar bom”, diz Mano Feu.
Com a produção da música já pronta, a produção e a divulgação do clipe ficaram a cargo de uma equipe voluntária de mais de 20 mulheres lésbicas e bissexuais e pessoas não-binárias que amam mulheres. Amiga de rolê de Mano Feu desde 2015, a roteirista Luíza Fazio foi a produtora-executiva do projeto. “Por causa da pandemia e das restrições para gravar, a nossa primeira ideia foi fazer um lyric vídeo ou um clipe muito mais simples. Mas, quando fiz um story no Instagram falando do projeto, choveu gente querendo participar, foi chocante. Então, vi que conseguiríamos produzir um clipe legal, enviar equipe para gravar etc”, conta Luíza.
O clipe foi gravado na cidade onde mora Mano Feu, Cabreúva, no interior de São Paulo, e tem como pano de fundo uma entrega de frutas, feita pela MC num caminhão, uma brincadeira com o termo “caminhoneira”. Outras partes do vídeo, com a coreografia, foram gravadas pelas próprias dançarinas em suas casas. “O sucesso do clipe tem muito a ver com o empenho de todo mundo que participou. Gravar de forma remota e com baixo orçamento, numa única diária, foi atípico, mas o que deu certo para a gente foi confiar na equipe e permitir que todo mundo deixasse a sua marca”, diz Pétala Lópes, diretora do clipe.
Pétala foi a primeira a topar o projeto com Luíza e levou muita gente para participar. Entre as profissionais envolvidas, estão produtoras, cinegrafistas, figurinistas, dançarinas, fotógrafas, designers, editoras de vídeo e de imagem, gestoras de redes sociais e relações públicas.
Já o hit levou cerca de três anos para ficar pronto. “O som nasceu de pouquinho em pouquinho. Eu queria uma produção bem “Mandela”, um funk atualizado, para estourar mesmo. Então, fiz três refrões, ou seja, um deles tem que ficar na cabeça”, conta Mano Feu. “Comecei a compor putaria lésbica nessa época, num projeto que eu fiz com a festa sapatão Fancha”. A MC começou a se interessar por composição musical aos 12 anos, escrevendo poesia.
A escolha de lançar o clipe no Dia do Orgulho LGBTQIA+ tem a ver com o sentimento de pertencimento que o hit pode trazer para as mulheres que amam mulheres. “Espero que a música bombe, claro, mas que ela também possa unir mais a nossa comunidade. Ela nos uniu como equipe, tanta gente que não se conhecia e se juntou para fazer esse trabalho tão bem feito”, diz Luíza. “Precisamos de músicas divertidas, mas que falem de nós, para dançarmos e, ao mesmo tempo, nos vermos na música, para termos uma coisa nossa. Os héteros podem até dançar, mas vai ser uma coisa nossa, um lugar nosso de aconchego e diversão.”
Pétala também fala sobre o que o clipe pode significar para a comunidade. “Quando eu escuto a música, penso em quando a gente puder dançar ela na balada, vacinadas e com a pandemia controlada. Amar uma mulher está nos nossos afetos, mas também está em outros campos da vida, também está nas pequenas coisas”, diz ela. “Além disso, eu acredito muito nas articulações independentes, como foi essa, acho que só o povo salva o povo, a gente juntas faz acontecer.”
O clipe é o primeiro de Mano Feu, com exceção de parcerias anteriores – disponível no YouTube, assim como a música pode ser ouvida no Spotify. A divulgação está sendo feita pelo perfil da MC no Instagram. “Gravar o clipe foi uma experiência muito boa, me senti até mais viva no meio da pandemia. Espero que as pessoas também possam se sentir assim com o clipe e com a música. E que o som faça elas terem orgulho de ser quem são”, diz ela.