Na quarta-feira véspera de Carnaval, 26 de fevereiro, MC Mano Feu lança no YouTube o clipe do seu terceiro hit de temática lésbica, o “SapaFunk” – a divulgação da faixa acontece dois dias depois, na sexta-feira, em todas as plataformas. A cantora, que vem consolidando a carreira com músicas como Linguadinha na XXT e Sou Sapatão, aposta num funk dançante com refrão chiclete para o Carnaval e o fim do verão. “O SapaFunk fala de união sapatão… De representatividade, conexão, energia, força e luta sapatão. Tenho certeza que a música vai grudar na cabeça das pessoas e criar lembranças maravilhosas nos bailes e nas festas”, diz MC Mano Feu.
A música celebra o desejo entre mulheres e a união e a amizade entre lésbicas e bissexuais, com estrofes como “Ela desce com a mão no joelho, ela bate com a bunda no chão / Se liga na dama de vermelho, rebolando na ostentação / De Ciroc na mão é um desejo e eu já sei que ela é sapatão / Se brotar na minha base, eu garanto que é do baile pra cama e cama pro chão”.
Já o clipe infere sobre a letra e conta a história de duas mulheres caminhão que vivem a linha tênue entre amizade e crush, um clássico do universo lésbico. “Durante a escrita do roteiro, discutimos muito quem representaria a dama de vermelho, a musa da MC Mano Feu na letra. Foi quando surgiu a ideia de trazer outra mulher desfeminilizada para o papel, para quebrar esteriótipos que essas mulheres costumam ter dentro e fora da comunidade. Convidamos a MC Lalão do TdS, outra funkeira sapatão de renome, e, de quebra, conseguimos também homenagear a cena como um todo”, conta Patrícia Rosenthal, codiretora do clipe junto com Bruna Custódio.
A pauta da amizade entre lésbicas e bissexuais é central no clipe, com o cenário sendo uma festa só de mulheres na piscina, em que MC Mano Feu é coroada rainha sapatão – uma mistura entre realidade e sonho. No vídeo, as mulheres dançam, cantam, nadam, se beijam, tomam sorvete, se divertem… Estão no elenco, além de MC Mano Feu e MC Lalão do TdS, influenciadoras e artistas como a cantora e articuladora cultural Anne Murici, a DJ Renata Corr, a rapper Ingrid Martins, a dançarina de passinho Asheley Maloka, a dançarina de passinho Kay Gomes e a rapper Amandina. “Trazer visibilidade para mulheres lésbicas, pretas, periféricas e caminhão no meu clipe sempre foi e será muito importante para mim”, afirma MC Mano Feu.
O clipe foi pensado e produzido majoritariamente por pessoas LGBTQIAPN+ de forma voluntária, uma equipe de cerca de 40 pessoas. “Já na primeira reunião, ficou nítido que a motivação de todas era contribuir com tempo e talento para realizarmos um sonho da MC Mano Feu… Mas que esse sonho também era um pouquinho de todas nós. Nós ainda temos muito pouco protagonismo feminino no audiovisual e menos ainda de mulheres lésbicas”, diz a codiretora Bruna Custódio.
A produção do clipe contou com o apoio do edital Aldir Blanc, com o qual MC Mano Feu foi contemplada no fim do ano passado em Cabreúva, interior de São Paulo. A funkeira é natural de Campinas, também interior de São Paulo, e começou a se interessar por composição musical aos 12 anos, escrevendo poesia. As suas principais referências na música são Claudinho e Buchecha, Cássia Eller, Tim Maia, Renato Russo e Ludmilla. “Quero me tornar uma referência para as meninas que virão depois de mim”, diz MC Mano Feu.