Mulambo, MC, compositor e cantor do Capão Redondo, Zona Sul de São Paulo, acaba de apresentar o seu primeiro álbum de estúdio intitulado “Do Azar à Sorte”. O lançamento, já disponível em todas as plataformas de áudio e também no canal oficial do artista no YouTube, contém 10 faixas inéditas com participações de Jup do Bairro, Lio (Banda Tuyo) e Cronista do Morro, e traz Vinex/Deck9 Record’s à frente da Direção Musical, além da assinatura dos produtores Sijeh, Ykymani e Caue Gas.
O nome do projeto tem referência ao EP “Infinito Revés” (2017) de Mulambo e aborda a trajetória do artista, que deixou o azar infinito de lado em uma caminhada próspera e intensa em busca da sorte. No disco, entramos em contato com uma versão mais madura do paulistano, que colocou em prática ideias que tinha desde 2019, com a criação de um trabalho linear e que o permite trazer diversas sonoridades como rap, rock, grime, trap, emocore e punk rock.
Mulambo afirma que apesar de consumir rock, via o gênero musical com certo distanciamento, por não se conectar e se identificar com os artistas já consagrados na cena. Mas tudo mudou ao integrar a Banda do Bairro e ver Jup do Bairro fazendo rock, o que o mostrou diferentes possibilidades de criar um projeto sólido que bebe dessa fonte, mas que se mantém fiel a sua identidade.
“Eu sempre quis experimentar o tipo de sonoridade que trouxe para o álbum. Tinha conhecimento sobre rap, sobre hip hop. E não considero que estou deixando o rap para fazer rock agora. A ideia foi trazer esse e outros gêneros no mesmo disco e até na mesma música. A estética visual e os instrumentais tem muito do rock, mas eu queria mesclar isso com a versatilidade do rap, queria trazer o jeito brincado de rimar que o rap permite”, diz Mulambo.
“Trouxe também um pouco de vários subgêneros do rock dentro de uma música de quebrada, o punk rock de favela, que é resultado desses artistas periféricos que tem construído um trabalho cheio de personalidade dentro do gênero sem precisar abandonar o que faziam antes. No ‘Monocromo’ [EP lançado em 2019] fiz um pouco disso, mas acho que agora consegui executar de um jeito que sempre quis. E não posso deixar de falar o quanto aprendo trabalhando com a Jup do Bairro, que é uma das promessas do rock nacional para mim. Eu me vi nela, consegui visualizar algo que me identificava e queria fazer também. A Jup me mostrou que isso era possível”, acrescenta.
Além de sonoridades plurais, Mulambo também se dedica a trazer um projeto para além da música. O artista passou por uma imersão e entrou em contato com diferentes tipos de arte e seus formatos. A partir de seu estudo e percepção sobre o disco que marca uma nova fase em sua carreira, ele resgata características de sua arte que sentia falta e se arrisca a entregar algo novo. Com direção audiovisual assinada por Isac Oliveira, ele conta histórias de um personagem, o Mulambo, e quais sentimentos e pensamentos criam a atmosfera que ele compartilha com quem ouve, assiste e sente o que é “Do Azar à Sorte”.
“Sou formado em audiovisual e como é algo que estudo faz tempo, quis trazer aquela ideia de construir e contar várias histórias utilizando apenas um cenário. Nós fizemos uma galeria de arte onde nada encosta no chão, apenas eu. No disco, sou um comerciante que quer vender todas as artes expostas nessa galeria, desde as projeções na parede até as peças. Um leilão de uma galeria de arte Quis agregar mais um sentido e potencializar o que estou dizendo nas músicas.”, ressalta.
O artista afirma que a parte audiovisual pode ter mais desdobramentos e que a execução do álbum foi importante para que entendesse a fase cheia de mudanças que está vivendo e que está o movimentando para criar e realizar projetos que sempre sonhou.
“O meu objetivo era fazer uma obra bonita, complexa, que falasse com ou sem as palavras. Por meio do instrumental, do visual, da partilha de sentimentos com as pessoas. Quis usar todas as artes que consumo e estudo para tecer uma teia, contar uma grande história. Foi graças aos processos que passei fazendo o disco que descobri uma fase de renascimento e de força para mostrar quem é o Mulambo e o que ele pode criar e realizar”, conclui.