Aconteceu na noite de sexta-feira (11/7) o 1º Hip Hop Fest Funk organizado pela pela Nação Hip Hop, Brasil de Itu, o grupo Caminho Alternativo, Família Black Produções, Rádio Blackout Extreme, nas dependências da sede da Escola de Samba Vale do Sol, na Vila Leis, na cidade de Itu (SP).
“A ideia aqui é trazer para o público do interior que gosta do rap e do funk, principalmente a juventude, a consciência que no interior também é possível fazer o movimento hip hop ganhar corpo e que a periferia desde que se organize e fortaleça ações como a da Nação Hip Hop pode mostrar a sua cara”, declarou Alessandro membro do grupo Caminho Alternativo e presidente da Nação Hip Hop na cidade.
O evento contou com uma programação com muitos talentos fortes do rap e do funk regional e nomes de peso no cenário nacional, trazendo as apresentações do grupo Caminho Alternativo, MC Soneca, MC Neguinho CN, MC Das Antiga, DJ Markinho e as grandes atrações, Ordem Própria e Facção Central que embalaram o salão com um público aproximado de 300 pessoas.
“A Rádio Blackout Extreme aceitou trabalhar com a Família Black Produções a convite do Raisuli Ferraz e do Juan Carlos, justamente porque as propostas de trabalho se alinham, o entusiasmo em recuperar as atividades culturais próprias das periferias e todos os elementos que nasceram e que dão forma a identidade do movimento negro. queremos ir mais longe e temos muitos planos com atividades culturais e festas para Salto, Itu e toda a região”, revelou Thiago Cristiam, fundador e diretor da Rádio Blackout Extreme.
Para Juan Carlos, responsável pela Família Black, “o evento cumpriu seu papel, queríamos mesmo era levantar a moral do movimento hip hop aqui em Itu e também aproximar mais a galera do funk para mostrar que com a união dos movimentos o público, a comunidade e os artistas só têm a ganhar com divulgação e o fortalecimento da cultura de rua”.
O movimento hip hop continua sendo reprimido
O hip hop continua enfrentando os mesmo problemas de descriminação que persegue e tenta sufocar a voz das periferias há tempos. Todo o show aconteceu na mais perfeita paz com os artistas do cenário do rap nacional, não houve nenhum incidente de tumulto, confusão ou qualquer irregularidade.
Todos trâmites administrativos para a realização do evento foram tomados cuidadosamente pelos organizadores; no entanto, quando o grupo Facção Central foi anunciado no palco, uma viatura da Polícia Militar (PM) passava pelo local, tudo corria bem e tantos meninos e meninas que nasceram e cresceram ouvindo as letras de música de denúncia e de resistência ao sistema puderam compreender as rimas lançadas no salão ao ver o circo armado pela PM, que fechou a entrada do local com 4 viaturas e cerca de 20 homens. Era 3h50 da madrugada, quem passava pelo local tinha a impressão de uma mega operação policial, pois as sirenes tilintando a arrogância da autoridade que se impunha com sub-metralhadoras em punho ocultavam uma atividade de entretenimento e consciência de uma juventude pensante.
Sob a alegação de denúncia de perturbação do sossego público policiais ameaçaram adentrar ao local e quando interpelados sobre quem era o autor da denúncia, de um salão situado em local isolado, sem vizinhos a frente, atrás, a esquerda ou direita, a resposta acompanhada do olhar frio da autoridade que se sustenta na bala e na ameaça teve apenas uma resposta: “Vocês vão parar a festa ou vamos ter que invadir o local, encostar todo mundo na parede para geral, revistar todos os veículos aqui estacionados e parar todos em blitz quando saírem daqui para levar todo mundo pro DP?”
Os organizadores e o grupo Facção Central se desculparam com o público pelo infortúnio da interrupção do show, dispersou os manos e minas com uma ideia plantada no coração e na mente, “precisamos mudar o sistema que persegue e extermina a favela”. Todos se dispersaram sem haver nenhum tumulto, a corporação deixou o público passar sem incômodo algum. Adentraram o salão e constataram que não havia nenhuma situação de irregularidade e ficaram com a sensação do dever cumprido, por ter acabado com a festa.
Fonte: Texto extraído do site do PCdoB de Salto (SP)