Luke Cage, antes conhecido como O Poderoso, é um personagem da Marvel. Ele nasceu nas ruas do Harlem e foi preso por uma crime que não cometeu. Ele foi voluntário de uma experiência científica sabotada onde ganhou super força e pele invulnerável. Logo Luke Cage se aliou ao Punho de Ferro e ao Demolidor. A série de quadrinhos de Luke Cage foi cancelada nos anos 80, retornando apenas nos anos 2000. Nesse meio tempo, o personagem aparecia como coadjuvante de outros heróis até que estrou em uma série da Netflix que conta a história de Jessica Jones, outra super-heroína. Nos quadrinhos, Luke Cage aparece como um dos Vingadores.
Nesse mês de Julho, para surpresa de todos os fãs, a Netflix anunciou, em parceria com a Marvel, uma série dedicada apenas ao Luke Cage contando toda a sua história. Sucesso para os fãs da Marvel, para os fãs do Luke Cage e para fortalecer a luta da população negra nos EUA.
Bom, uma das pautas que sempre aparecem pelos movimentos negros e por canais de mídia negra, como o Instituto Gèledes, é a questão da representatividade, ou seja, a presença de pessoas negras em destaque – e não apenas em posições subalternas – na mídia e nos veículos de comunicação para que sejam referenciais positivos para que as pessoas negras possam se identificar e construir a sua identidade de forma empoderada, e não subjugada a pessoas brancas, como usualmente acontece em novelas, em propagandas, entre outros.
E a questão da representatividade na Marvel já surgiu ha muito tempo atrás quando muitos começaram a questionar à empresa sobre onde estavam os personagens negros. Eles existem: o Pantera Negra (um personagem africano que aparece em defesa de sua terra natal, Wakanda, que é explorada para a retirada do metal Vibranium), o Falcão (voa utilizando asas implantadas em suas costas), a Tempestade (dos X-Men, que controla o tempo e o clima com o seu poder) e poucos outros. Em algumas edições especiais de quadrinhos personagens como a Viúva Negra (uma personagem branca, parte da empresa S.H.I.E.L.D.) aparece protagonizada por uma mulher negra. Comparativamente aos personagens brancos, são muito poucos. Basta pensarmos na configuração dos Vingadores, por exemplo, como foram estreados na TV: Hulk, Thor, Homem de Ferro e Capitão América (todos homens brancos).
Então não é de se menosprezar a nova série da Netflix.
Mas aí surge a questão, colocada pelo Chuck “Jigsaw” Creekmur, um dos editores do portal AllHipHop: será que os EUA estão preparados para um homem negro à prova de balas? Indo a um evento só para nerds nos EUA, onde a série foi anunciada, o editor responde que não. Todos no evento ficaram muito animados e, nas mídias sociais, houve uma grande agitação ao se falar sobre o assunto. Mas o que Chuck percebeu é que, justamente, ninguém notou a contradição entre as pessoas aplaudirem um homem negro à prova de balas e não se colocarem contra as mortes de Philando Castille e Alton Sterlling, por exemplo. Ele aponta que muitos brancos norte-americanos sentem medo de homens negros e que o Luke Cage é a encarnação do maior medo dessas pessoas: um homem negro que não pode ser atingido por balas (as mesmas que mataram Castille e Sterlling, inclusive). Chuck então termina seu texto (veja na íntegra AQUI) dizendo que já viu a alguns episódios da série e que ela é simplesmente grandiosa, e pede para que os brancos americanos se preparem para conviver com um protagonista negro à prova de balas e que estejam preparados para “o resto de nós”, ou seja, para todas as pessoas negras dos EUA, querendo dizer que a série pode ser uma forma dos EUA começarem a pensar em coisas que os movimentos negros já tem falado desde muito tempo atrás, como representatividade, violência policial especialmente contra negros e o racismo de uma forma geral.
A série tem previsão de lançamento para o dia 30 de Setembro.
Confira abaixo o trailer de Luke Cage, nova série da Netflix em parceria com a Marvel: