Conheça dupla de Nova York Oshun e seu jeito ousado de passar o recado através da música e do visual
“Eu conheci Deus, ela é negra”. Esta frase polêmica está estampada em um dos moletons das meninas Niambi Sala e Thandiwe.
Palavras estas que harmonizam perfeitamente com as inspirações dessas garotas de apenas 19 anos que encontraram na orixá Oxum os conceitos de beleza, amor, fertilidade e da riqueza. Não é por menos que a dupla adotou o nome Oshun. O ritmo dessas meninas se situa entre o neo-soul, hip hop com fortes influências de yorubá. Estilo puro no swing que se traduz no visual com roupas swag.
As meninas partiram de inspirações como como Erykah Badu, Lauryn Hill e Nas, além de Miles Davis, Herbie Hancock e John Coltrane. As canções retraram as raízes negras, espiritualidade e amor, além de uma forte tendência a despertar consciência política e questões sociais de forma incisiva, que se reflete no figurino.
Acessórios sempre presentes em suas vestimentas estão piercings, brincos de argola, chapéu, muito preto, assim como renda, vestido solto, pintura étnica, turbante, muito branco, amarelo (cor de Oxum) e azul.
No palco elas encarnam as influências africanas com pulseiras, colares grandes, pashiminas, adorno de cabeça em contraponto a calças compridas e blasers com pegada da rua. Atenção para a cor dourada, muito utilizada pelas meninas e que sinalizam as cores de Oxum. Nada de chapinha, babyliss, escovas….Os cabelos são soltos, apresentando muito bem todo o orgulho da cor.
Mas, afinal, o que elas querem? Atingir a transcendência e se libertar da escravidão mental através da consciência de quem somos. O que importa é ir à luta ao som do próprio tambor, com maturidade e firmeza. “It’s a revolution! I declare war on you”, dizem na faixa “#” do primeiro EP da dupla, “Asase Yaa”, que significa “Mãe Terra”. E seja para mostrar que o que importa é o recado ou como uma boa jogada de marketing, o disco pode ser baixado gratuitamente no SoundCloud da dupla.
O projeto Oshun nasceu quase se que sem querer, no campus da universidade, depois que as meninas se conheceram no grupo de orientação para bolsas Martin Luther King da New York University. Logo elas estavam apbrindo shows para nomes como Erykah Badu e Joey Bada$$.
A ideia de incitar ao pensamento crítico sobre as diferenças sociais chega a ser impertinente em algumas ocasiões, como na bandeira americana queimada como símbolo de resistência que aparece no clipe de “#”, a faixa mais popular do EP. Símbolos e mensagens, aliás, estão por toda parte nas roupas e atitudes de Thandiwe e Niambi. Afinal, elas viram Deus – e ela era negra.