O EP “Nemesis”, novo projeto de Ricardo José Fernandes, o Kadow, membro do selo Sound Food Gang (SP), será lançado no dia 4 de junho. A mixagem e masterização foi feita por Ramiro Mart. Toda a estrutura foi produzida por Kadow e conta com as rimas de RT Mallone, Marcola Bituca, Mano Will, entre outros artistas de São Paulo, Bahia, Goiás e Minas Gerais.
A identidade visual foi desenvolvida por Renan Amaral, que fez a capa, contra capa e outras peças de divulgação. Renan, além de ser um amigo de infância de Kadow, é um dos criadores da marca CLAMA. Já a música “Fumaceira Lascada”, será lançada com uma animação, feita por Nana Bittencourt e João Santiago.
O objetivo principal é alcançar mais pessoas e expandir seu trabalho. As referências vem dos anos 1990/2000 e com influência de produtores como Skeeter, Mestre Xim, DJ Caíque, DJ Cia, Dilla, Kev Brown, Madlib, entre outros. O conceito do projeto é definido em três fatores: Ansiedade, loopings e mudanças atmosféricas. Segundo o produtor, ele teve uma ideia de uma montanha russa que unia esses três fatores.
“Dei uma pesquisada nos nomes de montanha russa e o que mais me agradou foi Nemesis. Um nome sério, que traz certo impacto, assim como os beats que fiz, trazem algo meio sofisticado e sujo ao mesmo tempo”.
O EP é sobre Kadow, enquanto produtor e diretor de um projeto. Ele quis botar o trabalho para jogo e fechou um time que o representasse. É um EP inteiramente de boombap, mesmo sendo algo considerado “esquecido”, pelo mainstream da cena, segue respirando em outras camadas.
“Não só vivo, como é consistente a ponto de estourar a bolha e voltar à tona novamente. Isso não me limita a nada, gosto de produzir outras coisas, mas foi isso que me dediquei a aprender, então, nada mais justo que meu primeiro EP trazer essa vertente ”, explica.
O EP “Nemesis”, está disponível em todas as plataformas digitais.
Kadow, precisa se sentir representado no que faz antes de soltar para o mundo. O diferencial do seu trabalho, está na energia colocada por ele. “Para mim, é importante prezar pelas minhas ideias e coisas que acredito, independente da demanda do mercado. Gosto de colocar textura nos beats, sejam sampleados ou tocados, outra coisa que pra mim é sempre muito importante são as linhas de baixo e a bateria, a fórmula desses fatores com uma rima bem feita é infalível”.
Participações
Na construção de “Nemesis”, Kadow convidou artistas de diversas localidades do Brasil, fora do selo, com o intuito de produzir e fortalecer novos talentos. São eles: DRO (SP), Marcola Bituca (BA), Chinv (SP), RT Mallone (MG), Eko Napalm (GO), Aka AFK (SP), DJ Buck (SP), Mano Will (SP), Jazzkey (SP), Oddish (BA), Joe Sujera (SP), Brackes Mallone (MG), Sérgio Estranho (SP), CAB (SP) e DJ Rasul (SP).
Marcola Bituca, artista baiano, que se destacou após o lançamento do disco “Os Últimos Filhos de Sião”, acredita que participar deste projeto ao lado de DRO e Kadow, foi ótimo, pois era um momento em que ele precisava expressar esse sentimento na música.
“No meu processo criativo, procuro ficar atento sempre ao momento exato de onde surgiu a inspiração, fiquei muito feliz de conseguir expressar. São grandes pessoas e eu já falo com o Kadow há mais de um ano, pela graça, aconteceu agora. Só agradeço”.
Outro baiano que chegou junto com o produtor, foi Oddish, conhecido por ser afiado nas rimas, em seus projetos e participações nas batalhas. Essa é a segunda colaboração com um membro da SFG. A primeira, foi na mixtape de Mano Will. Para o rapper, foi um presente unir seu trabalho às propostas de Kadow, em um EP inteiramente de boombap. A gravação foi feita a distância, devido a pandemia.
“Em um mundo onde a web rompe todas as fronteiras possíveis, acredito que distância já deixou de ser um problema há tempos. O fator diferente desse período é a pandemia, onde a saúde mental de todos ficou ainda mais fragilizada. Fazer música, nesses tempos, é ainda mais terapêutico, principalmente com quem nós admiramos”, finalizou.
Futuro
Para o futuro, o produtor tem como meta dominar e aprimorar suas habilidades cada vez mais, para que o retorno venha naturalmente e, a partir disso, ele consiga transformar a própria vida e a de quem o cerca, por meio da música.
“Pretendo seguir trabalhando com Rap, mas, estou aberto a vários tipos de trabalho, como por exemplo, a criação de trilhas sonoras para filmes e jogos, algo que também curto muito”.
Um próximo EP está em vista, sendo elaborado junto à Chinv, que faz parte da SFG com Kadow. Eles já tem algumas faixas prontas e pretendem trabalhar com todos os integrantes do selo, incluindo Nill, Yung Buda e Ashira. Além disso, ele está incluso no projeto FoodStation.
“Paralelo ao coletivo, pretendo iniciar trabalhos no meu canal individual do YouTube, onde terei uma liberdade maior para trabalhar com outros artistas e fazer outros experimentos, um deles é botar meu home estúdio para funcionar. Minha intenção é me consolidar como produtor”. Kadow, além de produzir, também rima e em breve pretende soltar alguns feats.
Kadow é deficiente visual e, desde muito cedo, carregava consigo uma baixa estima, devido a não aceitação. Se sentia excluído em alguns ambientes e tinha vergonha. O hip-hop e, mais precisamente, o rap, o fez superar diversos traumas.
“Eu passei a me sentir representado em algo, assim como qualquer movimento que abrange minorias, foi nesse cenário que achei oportunidades de ser escutado e de criar sentido para minha existência”, finalizou.