Criolo não cansa de surpreender quando o assunto é posicionamento em suas letras. E mais uma vez, isso fica provado com “Etérea”, novo single autoral do cantor e compositor, lançado hoje, dia 14 de fevereiro, que também ganha um clipe que celebra e destaca a cultura queer, protagonizado por performers de importantes coletivos LGBTQIA+.
Depois de “Boca de Lobo”, música que batiza sua atual turnê, Criolo retoma com mais uma música de posicionamento político. “Etérea” é uma homenagem à população LGBTQIA+ brasileira, que marca também a sua primeira incursão na música eletrônica, com produção musical de Daniel Ganjaman, diretor musical de Criolo, em parceria inédita com DKVPZ. O projeto completo, que conta com videoclipe, making of e depoimentos coletivos e individuais, tem direção criativa de Tino Monetti e Pedro Inoue, que trabalham a criação e comunicação do artista e desenvolveram o universo da faixa em torno da representatividade, tendo como protagonistas performers ligados a causas sociais e coletivos dentro do cenário cultural da diversidade sexual em São Paulo.
“Esta população, apesar de estar no topo de todos os rankings de violência e morte do planeta, continua a celebrar sua existência e cultura através de grupos de resistência e coletivos contra a opressão”, explica Criolo. O Brasil é o país que mais assassina gays, lésbicas, bissexuais e transexuais no mundo. Foram 420 mortes em um ano, uma a cada 20 horas, segundo dados do Grupo Gay da Bahia. Segundo agências de direitos humanos, como a Anistia Internacional, matam-se muitíssimo mais homossexuais e transexuais no Brasil do que nos 13 países do Oriente e África onde há pena de morte contra os LGBT.
Além do single, já disponível em todas as plataformas digitais, o clipe de “Etérea”, com direção de Gil Inoue e Gabriel Dietrich, já está disponível no canal de Criolo no YouTube. A peça, assim como todo o projeto, é protagonizada por 8 performers de distintos coletivos LGBTQIA+ e que deram sua interpretação pessoal à música, trazendo a essência de seus grupo e elementos da cultura queer e do universo de sua atuação: Ákira Avalanx (Coletivo House of Avalanx), D’Avilla (Popporn/Festa Dando), Fefa (Animalia), Flip (Coletivo Amem), Juju ZL e Kiara (Batekoo), Transälien (Marsha Trans e Coletividade Namíbia) e Zaila (House of Zion).
A ideia é mostrar a importância do trabalho que eles realizam, destacando a transformação social e cultural de suas atuações, especialmente no clima político atual. Com isso, Criolo abre suas plataformas para amplificar a fala destes performers, que são o coração e o cérebro do projeto. “Etérea é uma ode à arte queer em todas as suas expressões e homenageia os artistas e intérpretes que diariamente lutam contra o preconceito e a ignorância”, conta Criolo. A música aponta criticamente o momento em que vivemos, onde muitos direitos civis foram conquistados, assim como espaços de fala e representação, mas a violência homo e transfóbica continua a crescer.
Criolo disponibilizou hoje também um making of com depoimentos dos performers do clipe, no qual contam suas experiências, a relação com a família, seu coletivo e a busca pelo direto de existirem e serem quem são. O curta finaliza com uma mensagem do cantor sobre o respeito à diversidade. “É possível construir uma sociedade mais justa, é possível construir um ambiente onde as pessoas possam se respeitar. O medo não pode vencer a liberdade”.