sexta-feira, novembro 22, 2024

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Por que a mídia do hip hop não repercute o trabalho de Preta-Rara?

Preta-Rara frequentemente está nas redes sociais fazendo “live” e trocando ideias com seus seguidores. O trabalho da rapper, trançadeira, ativista e professora de história também é registrado pela lente da grande mídia nacional e internacional.

Considerada um ícone emergente da cultura independente e militante, artista que fala de racismo, homofobia, machismo, desigualdade social, feminismo negro e gordofobia, Preta-Rara está envolvida num 2016 intenso, sabe que não pode parar, pois a propagação do empoderamento já é um caminho sem volta, e seus dias inspiram muita gente dentro e fora do hip hop. A pergunta que fica é: por que a mídia do hip hop não repercute o trabalho de Preta-Rara?

Com um sorriso contagiante, a mina fala de situações difíceis e discriminações, mas também fala de superação negra e feminina. Não precisa ser especialista ou pesquisador para saber disso, não precisa ir longe para conhecer sua correria, mas insistimos em voltar nosso olhar para o mundo masculinizado, suas imposições, tretas e disputas. Se Preta-Rara dependesse da visibilidade proporcionada pelos sites e blogs de hip hop, estaria bem distante do mundão do rap, teria algumas notinhas ou alguns releases copiados (e não creditados) pela web. Ainda bem que a rapper de Santos (SP) provou que pode seguir trampando, lutando e sonhando de maneira independente. A luta negra sempre foi assim, não se iludam senhores.

Criadora da página e do livro #EuEmpregadaDoméstica, trabalhos que abordam humilhações e agressões físicas e psicológicas sofridas pelas domésticas, Preta-Rara conquistou espaço para divulgar sua luta – que é a luta de muitas mulheres – na BBC, Revista Fórum, no jornal Brasil de Fato, nas redes Record e Globo. Recentemente a cantora palestrou no TED, em São Paulo. Parece que o mundo reconheceu o valor da rapper, mas o hip hop continua ignorando o poder das palavras da preta da quebrada.

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Com seu disco “Audácia”, Preta-Rara mostra a extensão de sua vida em batidas, voz forte e ancestralidade. A MC/professora articula, planeja, sabe que não caminha só. Preta conta com o apoio da ala feminina e militante do hip hop num cenário em que a popularidade do rap cresce a cada dia, mas ganha destaques e contornos brancos, machistas, preconceituosos. Sabemos que basta apenas um single lançado para o macho-hop ficar em evidência durante dias.

Nem precisaria, mas deixo aqui a resposta para a pergunta lá de cima: A mídia do hip hop não repercute os corres da cantora Preta-Rara porque ela é mulher negra, periférica, ela não se encaixa nos padrões impostos que o rap reproduz com maestria. Enfim, somos muito burros. E…se formos blogueiros negros, a burrice que sabota e promove invisibilidade é bem maior.

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