quinta-feira, novembro 21, 2024

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Produzido por Primo Filmes & Instituto Galo da Manhã, documentário “INTERVENÇÃO” estreia na Mostra de SP

Filmado ao longo de quatro anos em São Paulo, o documentário, “INTERVENÇÃO” aborda o dia-a-dia dos moradores de uma comunidade, formada por duas favelas e um conjunto habitacional na zona oeste de São Paulo, uma região que luta para ser urbanizada, embora as disputas com moradores vizinhos de uma área mais valorizada seja um empecilho.

O longa, dirigido e roteirizado por Gustavo Ribeiro, terá sua primeira sessão no Brasil na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo no sábado (19), às 21h40, no Espaço Augusta 2. O documentário será exibido, novamente, na segunda (21), às 17h20, no Reserva Cultural 1; e no dia 29 (terça), às 19h30, no Cineclube Cortina.

Produzido pela Primo Filmes e pelo Instituto Galo da Manhã, o longa nasce de uma ideia de Elisa e de Beatriz Bracher, e é produzido por Matias Mariani. Ribeiro conta que Elisa já tem uma relação de duas décadas com a comunidade onde o filme foi rodado, por conta do Acaia, que é uma escola que atende as crianças carentes da região desde 1997.

“Ela, então, me apresentou para algumas pessoas chaves na comunidade, e aos poucos eu fui conquistando a confiança deles. Havia um desejo dos moradores de mostrar o processo do PIU, o Planos de Intervenção Urbana, e a situação das suas moradias, tanto das favelas como do Cingapura. Muitos moradores fizeram questão de abrir as casas para nós. E como foi uma filmagem longa, e muitas vezes passávamos semanas seguidas filmando, a equipe foi se familiarizando”, conta o diretor.

A pesquisa local foi feita por Barbara Heckler, que também foi assistente de direção do filme. Ela mapeou a comunidade e foi entrevistando os moradores. O longa apresenta não apenas entrevistas com moradores da comunidade, mas também reuniões dentro da própria comunidade e assembleias públicas sobre o processo de urbanização, apontando a tensão entre a favela e a região mais valorizada ao seu redor, que se mostra contra essa possibilidade.

A ideia inicial era ouvir mais moradores dos prédios, de fora da comunidade, que são contra o PIU. Porém, houve uma resistência muito grande por parte deles.  A única pessoa que topou foi a moça que está no documentário, Adriana Fonseca , que é a favor do PIU e quis dar seu depoimento.  Então em um dado momento eu desisti de entrevistar esse pessoal que são de fora da comunidade e mergulhar de cabeça nos moradores da comunidade, inclusive porque alguns deles também são contra o PIU.”

Montado durante 9 meses, por Marina Meliande, e depois com o Hélio Villela Nunes, o longa foi finalizado enquanto o andamento do PIU se desdobrava. Para que “INTERVENÇÃO” fosse o mais completo possível, filmagens ainda eram feitas enquanto o longa era montado. Além disso, destaca-se também o trabalho do fotógrafo Thomas Dupre, que enfrentou todo o tipo de situação e filmou em condições muito variadas de luz, praticamente sem nenhuma iluminação extra.

Ribeiro aponta, aliás, momentos muito representantes da realidade da comunidade que aconteceram enquanto o filme esta sendo rodado. “O primeiro foi a enchente, em que a favela ficou toda alagada. As pessoas perderam tudo, móveis, roupas, eletrodomésticos, comida, documentos etc. Ali a precariedade das moradias e o descaso do poder público e da sociedade foram escancaradas, porque não era a primeira vez que a comunidade era alagada. E o outro momento foi a pandemia, porque em geral as casas na comunidade são muito pequenas, com muitos moradores, e a rua é uma extensão das casas. Na favela o delivery não chega, não havia a possibilidade de isolamento nem quarentena.”

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