sexta-feira, novembro 15, 2024

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Puterrier e o atabagrime: como o artista está revolucionando a cena da música urbana misturando funk com grime

Cria da zona norte do Rio de Janeiro, o jovem cantor Puterrier se destacou na cena da urbana no último ano com singles como “Putaria 2000”, que viralizou no TikTok, sobretudo com trend de vídeos curtos, comum na plataforma, e “Marolento”, feat com o rapper Borges, que reúne mais de 19 milhões de streams apenas no Spotify.

Tamanho sucesso em tão pouco tempo se deve às características únicas do artista, que provou que a originalidade segue sendo uma das principais ferramentas para se destacar no mercado fonográfico.

Puterrier iniciou sua carreira na música há oito anos cantando rap e em meio a uma mente jovem conturbada de ideias e diferentes caminhos para seguir sua carreira artística, se deparou no YouTube com o Brasil Grime Show, projeto que consiste em convidar diferentes Mc’s para cantar suas músicas com beats de grime. Paralelo a isso, o cantor sempre foi um apaixonado pelo funk carioca e frequentava os bailes de favela todo final de semana, foi quando teve a ideia de misturar o funk do Rio com o grime, resultando no famoso Atabagrime.

A ideia de misturar funk com grime veio num momento muito crucial da minha vida, onde eu fiz uma pausa pra me entender enquanto artista. Nessa época eu ia muito pra baile funk e também conheci o Brasil Grime Show, foi quando eu pensei ‘por que não unir o funk carioca com grime?’. Já existiam outros artistas da cena que faziam isso como o Vandal, SD9, eu escutava muito o som deles, mas percebi que botavam mais o grime, que é a música eletrônica, do que o funk, e eu fiz ao contrário, botei 80% de funk e 20% de grime, isso é o que o Febem faz com o funk paulista, já eu faço o atabagrime, que é o atabaque do Rio com o grime.” explica o cantor.

Apesar dos números satisfatórios, o artista explica que teve trabalho para inserir o novo gênero musical no mercado e conta que utiliza diversas estratégias para conquistar o público e ter uma boa recepção dos fãs a cada show e lançamento.

No início senti que o público teve uma relutância, acredito que por ser um ritmo novo, um bagulho diferente, é muito acelerado. Fui colocando mais funk e consegui ir conquistando aos poucos os fãs do atabagrime. Até hoje no show, em algumas músicas menos conhecidas, vejo que tem algumas pessoas que olham um pouco assustadas e entendo porque é muita batida, mas aí conquisto o público de outras formas, coloquei recentemente um sample de Crazy in Love da Beyoncé e a rapaziada adorou, geral se solta quando toca essa e estou preparando alguns elementos da cultura carioca pra levar pro palco também, encontro essas saídas para as pessoas se identificarem não apenas com a sonoridade, mas com a minha pessoa e com o conceito que eu quero transmitir.”

Já nas letras do atabagrime, o carioca deixa claro que não pode faltar patriotismo. A brasilidade e a valorização da cultura urbana, sobretudo carioca, são os principais traços na estética do ritmo e do artista.

Patriotismo sempre está presente nas minhas letras, pra mim é fundamental falar sobre o Brasil e sobre a nossa cultura. Luto muito pra acabar com essa síndrome de vira-lata, onde as pessoas consideram o que vem de fora melhor, sendo que temos muita riqueza na nossa arte, não só no Rio de Janeiro, a cultura brasileira é muito rica, muito vasta. Pretendo lançar um projeto com artistas de outros estados pra representar e mostrar a qualidade sonora e estética que temos nos quatro cantos do país.”

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