Bom, conversando com muitos amigos do Rap, o que a gente vê é que o movimento hoje no Brasil está bastante dividido. De um lado existe uma nova geração de pessoas curtindo rap mas que tem pouca preocupação com a história do Rap e do Hip Hop. De outro, uma geração antiga de pessoas que curtem rap desde os anos 80 e tem pouca preocupação ou paciência em ensinar a nova geração. E transmitir suas experiências e conhecimentos enquanto, ao mesmo tempo, tem pouco saco para ouvir os novos sons e, quando possível, critica e diz como é que o rap deveria ser de verdade.
Para quem começou a ouvir rap a no máximo 5 ou 10 anos, isso é muito ruim. É um pouco a sensação de subir num ônibus, que já estava andando a muito tempo antes de entrarmos. Muitas vezes, que começou a andar antes mesmo de nós nascermos.
Guia Introdutório ao Rap
Então começo esse “guia” para passar um pouco do que ouvi, li e estudei sobre o Rap, o Hip Hop. As histórias desse som e desse movimento e os desenvolvimentos disso na história até os dias de hoje. A ideia é dar uma direção e algumas reflexões para que essa nova geração possa entender onde exatamente está entrando. E que possa conversar com a galera antiga para poder de fato aprender com a experiência deles.
Mas voltando à pergunta do título da matéria: qual a diferença entre Rap e Hip Hop? São a mesma coisa? Um está dentro do outro? São dois estilos musicais diferentes?
O Rap é fácil: é um gênero musical que significa “Rhythm and Poetry” (Ritmo e Poesia), ou seja, é uma forma de poesia cantada a partir de um determinado ritmo. E disso a gente já consegue ver a presença de duas pessoas. O DJ, que a partir da sua criatividade e, muitas vezes, usando outras batidas e ritmos como inspiração, cria uma base musical. Enquanto que o MC (o Mestre de Cerimônia), rima em cima dessa base criada pelo DJ. Seja de forma de forma inusitada criando uma letra na hora (freestyle), seja escrevendo a letra antes e interpretando.
O Hip Hop já é um pouco mais confuso. Tudo começa quando o Afrika Bambaataa. Um dos 3 principais DJs do Bronx entre os anos 70 e 80. Disse que o Rap, o Grafite e o Break tinham a ver um com o outro. Já que os três retratavam problemas sociais dos ghettos negros da cidade de Nova York e dos EUA como um todo. Então Bambaataa resolveu fundar o movimento Hip Hop composto de 4 elementos. O Break, o Grafite, o Djeeing (a arte de ser DJ) e o MCeeing (a arte de rima sendo MC). Já nos anos 90 Bambaataa vai falar sobre o quinto elemento do Hip Hop: o conhecimento. Muita gente dirá, então que o Hip Hop é um movimento. Enquanto outras pessoas dirão que ele é uma cultura (podemos falar sobre isso mais tarde).
Anos 2000
O que causa confusão é que, lá para os anos 2000. A indústria fonográfica criou um sub-gênero também chamado Hip Hop (que muitas vezes a galera escreve usando um hífen: Hip-Hop) e que nós brasileiros costumamos chamar de Black. Esse gênero musical surgiu a partir de cantores e cantoras que nasceram dentro da cultura Hip Hop. Mas, ao invés de rimar, eles cantavam (como na música Pop) e também mudaram muito a batida tradicional do Rap. Em geral eles tem letras mais comerciais. Mesmo que muito lutem pelas mesmas causas que a galera do Rap luta: contra o racismo, contra a violência policial, etc. É a diferença entre intérpretes como Jay-Z, Lil Wayne, Lauryn Hill (todos do Rap), para intérpretes como Beyoncé, Rihanna e Jason Derulo (que se dizem desse gênero Hip-Hop).
Enfim, para resumir tudo então. Enquanto o Rap é um gênero musical, Hip Hop pode tanto ser um movimento/cultura que engloba o Rap, quanto um gênero musical em si (Hip-Hop) e por isso é importante sempre prestarmos atenção. Qual sentido de Hip Hop nós usamos para falar e ao sentido que as pessoas atribuem ao termo.
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