Natural de Medina, Vale do Jequitinhonha, Nordeste de Minas Licon, codinome de Thiago Che Guevara Almeida de Araújo, é um MC afiado, tanto no flow quanto na construção lírica. Em seu novo trabalho, o disco “Moss”, que traz 7 faixas, o artista relata sua trajetória, de um jovem que migrou do interior do estado para a capital mineira em busca de novos espaços na batalha pela conquista dos sonhos. Moss, palavra que dá titulo ao disco, é “moço”, dito em bom mineirês, acentuando o sotaque com a supressão do último fonema.
“É uma das gírias que mais uso e que me remete muito à minha terra”, diz Licon. Valorizando suas raízes, além do nome, a capa de “Moss” traz Licon ainda criança montado num cavalo, ilustrando a caminhada de quem enfrentou as privações e o sonho, comum à muitos dos moradores do interior, que imaginam uma vida melhor nas grandes capitais. A arte que ilustra a capa, trabalho que contribui para reforçar o conceito da obra, é da designer e fotógrafa Pri Garcia.
Para além de uma narrativa em primeira pessoa, o disco representa a saga dos que migram, dos retirantes Brasil afora, dos jovens das periferias que ambicionam desbravar o centro e uma vida digna, longe da invisibilidade e da pobreza.
“Fala Que Cê Não Qué”, uma das primeiras faixas narra essa busca por melhores condições, dizendo em alto e bom tom que a periferia também quer viver bem, que quer acesso. A música “Moss” é um trap onde o artista fala da sua trajetória de quem “já pulou muro e hoje tá no palco”. Já em “Amaré” Licon fala de esperança, de quem caminha com olhos para o futuro, da narrativa de quem segue em busca de evolução pessoal, espiritual e artística. “Aurora” uma das letras mais bonitas do álbum, é uma homenagem do artista à filha recém nascida, falando das alegrias, angústias e dúvidas de quem aprende a ser pai. A música seguinte “Envolven”, é uma balada romântica onde o MC economiza nos versos e apresenta sua faceta mais melódica. “Grana Man” esta última fala da luta de quem segue num mundo eminentemente capitalista na luta pela sobrevivência, onde tudo é “grana”, é uma afirmação e uma crítica reflexiva sobre o nosso modo de vida.
As produções ficaram a cargo dos beatmakers Jay Leo, Fantini e BAKA.
“Moss” é uma obra intensa de um cronista com olhar preciso para captar a realidade em suas várias facetas, um trabalho expressivo cuja construção poética é rica e, ao mesmo tempo acessível, falando diretamente para pessoas que vivem o que ele vive e viveu.
Ouça o álbum abaixo: