“Hora de Acordar” (ouça aqui) é o título do EP de estreia de Rashid, seu debut que agora completa 10 anos, mas é também a expressão que o levou a transpor os obstáculos daquela época. Levantar, emergir, despertar: era o momento de alçar-se ao sonho que começava a ser construído ali, sua carreira solo, não importavam as adversidades, elas eram, inclusive, um tempero a mais para saciar aquela fome de fazer acontecer.
Passada uma década, em 2020, ele relembra o processo de produção com o documentário homônimo, “Hora de Acordar”, registro que tem a participação de pessoas essenciais na elaboração do EP e que vieram a crescer e se estabelecer no meio artístico tanto quanto ele próprio: Projota, Rael e Fióti compartilhando rimas; Nave Beatz, Luiz Café e Laudz (Tropkillaz) nos beats; a condução de Marechal com sua expertise de produtor e MC; Mr. Brown, DJ que acompanha Rashid até hoje e Daniela Rodrigues, sua empresária e esposa, são alguns dos envolvidos na produção do EP e que deixaram seus depoimentos no documentário, atestando que o que os unia era a vontade de crescer, aprender fazendo, sem muita teoria, era na prática, na raça.
O documentário reúne esses e outros relatos, contados com nostalgia mas também com a certeza de que as sementes plantadas lá em 2010 tinham força para dar frutos nos anos seguintes, como o sucesso da música “Bilhete”, que se tornou hit das rádios e playlists em sua versão 2.0, lançada em 2017 em parceria com Luccas Carlos.
As imagens de arquivo, um deleite à parte, confirmam a relevância de Rashid desde as primeiras batalhas, quando seus versos já arrancavam aplausos da plateia pela sagacidade e deixavam clara a afinidade dele com o microfone, assim como o potencial dos parceiros, como Laudz, que produziu o beat de “E Se” aos 17 anos e hoje é reconhecido Brasil afora pelo trabalho no duo Tropkillaz.
Para Rashid, “Hora de Acordar”, o EP, tem um sabor especial: ele é o elo entre os sonhos de adolescência e suas conquistas da vida adulta, e é um dos primeiros passos na ponte que ele ajudou a construir para que os sons da periferia atravessassem os muros altos das desigualdades. O documentário é mais um capítulo desta trajetória hoje consolidada, com raízes fortes e cujo lema “Foco na Missão” o inspira a progredir sempre, do passado ao presente até o futuro, quando terá ainda mais histórias de vitória para compartilhar.