No dia 25 de novembro, Rincon Sapiência lança em todos os aplicativos de música o seu tão aguardado segundo álbum de carreira intitulado “Mundo Manicongo: Dramas, Danças e Afroreps”. O vulgo Manicongo, como Rincon também é conhecido, se traduz em Rei do Congo, local que o artista possui descendência indireta e que remete à exaltação da negritude como Reis e Rainhas. Neste novo trabalho, o artista viaja pelos mais diversos ritmos, norteado por vertentes da música pop contemporânea africana. Com instrumentais dançantes e divertidos, uma das marcas de sua nova fase, o disco é o primeiro lançado pelo seu selo próprio, o MGoma e tem distribuição da Altafonte.
O álbum conta com as participações de Mano Brown, Lellê, Gaab, grupo ÀTTØØXXÁ, Duquesa, Rael e do Coletivo Audácia. Inclusive, a faixa com Rael, “Me Nota” rendeu um clipe dançante que acompanha o lançamento do álbum. Realizado pelo MOOC (sigla para Movimento Observador Criativo), o filme é uma produção feita totalmente por pessoas negras, desde os criadores ao casting. As cores e cenas trazem a atmosfera tropical da música, um clima bem pop de verão, com Rincon e Rael arrasando no swing e atuação.
Este novo trabalho expõe a evolução de Rincon como artista e produtor musical, que assina toda a direção do álbum, se desprendendo da veia clássica predominante no multipremiado “Galanga Livre” (2017), seu disco de estreia.
Em “Mundo Manicongo: Dramas, Danças e Afroreps“, Rincon bebe na fonte de estilos africanos mais variados, desde o afrobeat e o afrohouse, até o dundunba, ritmo originário da Guiné e semeado em todo mundo pelo mestre djembefolá Famoudou Konatè.
O diálogo com ritmos originários das periferias como o pagode baiano, o funk brasileiro – desde o Mandela até o 150 bpm – e o grime inglês também se destaca no novo disco.
Permitindo-se novas experimentações musicais, o Manicongo apresenta ao público o seu mundo, circundado por conflitos existenciais e amorosos. Mantendo a sua já conhecida leitura apurada da realidade que o cerca – ou que o liberta – o artista adota a proposta de celebração como uma constante no discurso. O esmero no uso dos graves traz ao trabalho uma sonoridade agradável e que convida a dançar. Destaque para os timbres 808 e drops certeiros, somados a refrões marcantes, além da onipresença, às vezes sutil e outras vezes marcante, do trap.
No disco, Rincon também estreita os laços com beatmakers da nova geração, como o guineense radicado em Portugal MazBeatz e o brasileiro Esil Beats, valorizando artistas talvez pouco conhecidos no mainstream.
Os arranjos também merecem destaque pela riqueza e originalidade, valendo-se de instrumentos pouco convencionais no rap como o djembê, berimbau, marimba e metais.
A isso, somam-se arranjos de outros músicos, entre eles guitarra de Robson Heloyn, teclado de Kiko de Sousa, percussão de Nunah Oliveira e Amanda Telles, violão de Breno Laureano e scratches de DJ Mista Luba, além das vozes de Nanny Soul, d’Oliveira e Marissol Mwaba – que também gravou arranjos de baixo.
Mixado e masterizado por César Pierri, o resultado desse conjunto é um álbum que convida os ouvintes à dança, ao mesmo tempo que reforça a elegância das composições, que ao longo dos anos tornou-se uma marca registrada de Rincon Sapiência.