sexta-feira, novembro 22, 2024

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Roger Deff faz homenagem às periferias e exalta a importância das comunidades no disco “Alegoria da Paisagem”

Roger Deff, após vários anos com a banda mineira Julgamento, deu início oficial à sua carreira solo em 2019, quando lançou o álbum “Etnografia Suburbana”, que tem como temática a herança cultural da diáspora negra, e em 2021 lançou “Pra Romper Fronteiras”, disco que homenageia as bases do Hip Hop. 2023 marca a chegada do terceiro álbum do rapper, intitulado “Alegoria da Paisagem” trabalho que tem o território da periferia como tema, com foco na valorização das comunidades, com suas histórias e processos. No dia 29 de setembro foi lançado o primeiro single do álbum “Amor pela Quebrada” (ouça aqui), abrindo caminhos para o novo trabalho.

Com nove faixas, o álbum lançado em todas as plataformas digitais no dia 19 de outubro, e conta com participações de artistas que estabelecem diálogos com a trajetória do rapper. “As participações traduzem o que eu queria transmitir com as faixas.  São artistas que, além de amigos, são referências pra mim em vários sentidos, além de companheiros nessa estrada da música”, explica Deff.

Participam do álbum o rapper X, lider da banda brasiliense Câmbio Negro, o rapper mineiro Radical Tee, fundador do grupo Retrato Radical, o músico Rodrigo Borges, artista fortemente influenciado pelo Clube da Esquina, movimento artístico do qual sua família tem grande participação, Adriana Araújo, uma das principais vozes do samba mineiro contemporâneo, o percussionista Luciano Cuíca Play (ex integrante da banda Black Sonora) além de Michelle Oliveira e Celton Oliveira, artistas que acompanham Deff desde o primeiro disco.

O álbum foi produzido por Ricardo Cunha e Edgar Filho, músicos que também assinam o disco de estreia “Etnografia Suburbana”.

O trabalho traz uma sonoridade mais brasileira, valorizando a musicalidade das periferias com elementos sonoros do samba, do funk, do jazz com uma abordagem, mantendo o rap como centro catalizador destes estilos musicais. 

Paisagens periféricas 

O conceito veio de uma discussão que Deff acompanhou durante uma das aulas no processo do mestrado que realizou, em sua pesquisa sobre o Hip Hop de BH, em que refletia o que era ou não “paisagem” na cidade, sob uma perspectiva social do que é visto percebido e valorizado, dentro de uma ótica em que raça, poder econômico, e localização geográfica são fatores que hierarquizam pessoas e lugares. “Surgiu assim o processo de questionar através das músicas a forma como as  periferias são  percebidas no contexto da cidade, sobre a sua invisibilidade e, paradoxalmente, sobre a sua onipresença em todos os cantos da cidade”, explica Roger Deff.

Disco orgânico 

Assim como no disco de estreia, “Alegoria da Paisagem” não traz as costumeiras baterias programadas que são marcas do rap. Todo o álbum  foi executado de maneira orgânica,com os músicos em estúdio e tinha como objetivo traduzir a brasilidade da obra, em conexão com elementos que o acompanharam ao longo da vida.

Meu pai era muito ligado a artistas como Nelson Gonçalves, Altemar Dutra, e também ao samba do Jamelão, Bezerra da Silva, Originais do Samba, ao mesmo tempo que gostava muito também do grupo norte americano The Platters, então quis trazer no disco sons que remetessem a essa minha lembrança da periferia, na casa em que crescemos. As letras são bem literais neste sentido, homenageio a quebrada, meus amigos de adolescência no Jardim Alvorada, e a história do meu pai, seu Teodoro, como homem negro que lutou a vida inteira por sua casa, que é uma das lutas das pessoas negras neste país, que não receberam nenhuma indenização pelos muitos anos de escravidão que têm suas sequelas até os dias de hoje”, reflete Deff, que fez muitas das faixas em homenagem ao pai, falecido em 2022. Assim como o álbum anterior “Pra Romper Fronteiras”, o novo disco “Alegoria da Paisagem” terá cópias em vinil.

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