sexta-feira, novembro 22, 2024

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Superando barreiras, mulheres redefinem o rap atual

A minas do rap brasileiro sempre dizem que a cena, os blogs, produtoras e agências não dão o devido valor ao rap feminino.

Não há como negar, as minas estão produzindo muito, mas ainda são muito os obstáculos que as mulheres do rap precisam superar para terem seus trabalhos repercutidos e respeitados. Mas essa desigualdade não rola só aqui, lá fora, apesar da grana girar com maior intensidade, até as minas bem-sucedidas também enfrentam muitas dificuldades para provar seu valor no hip hop.

Reportagem que saiu recentemente no site Sonoma State Star (03/10/2017), mostra o que muitos já sabem: a indústria hip hop coloca as melhores artistas do rap num ringue repleto de comparações, onde sempre haverá argumentos irrelevantes e rivalidades.

Com o título “Mulheres redefinem o hip-hop”, o texto de Sierra Sorrentino fala sobre promoção da ideia de que apenas uma MC pode reinar na cena. Em contraponto, a colunista afirma que existem vários rappers bem sucedidos e prosperando.

“Artistas como o Cardi B estão lentamente, mas certamente, virando esse estereótipo, com um single por vez”, prossegue a autora, que mostra que Cardi B está no topo do Billboard Hot 100 Chart, com “Bodak Yellow (Money Moves)”, tornando-se a primeira rapper em quase duas décadas a ocupar esta lista . A primerira foi Lauryn Hill, em 1998, com o single “Doo Wop (That Thing)”, primeiro trabalho após sua saída do grupo Fugees.

Além de Lauryn Hill, houve três outras rappers que ficaram nesse cobiçado posto: Lil ‘Kim, em 2001,  na faixa “Lady Marmalade”, com Christina Aguilera, Mya e P! Nk; Shawnna, em 2003, sendo destaque em “Stand Up”, de Ludacris, e Iggy Azalea, em 2014, na música “Fancy”, com Charli XCX.

Sierra Sorrentino afirma que as mulheres na indústria do hip hop têm uma história de superação de inúmeros obstáculos para obter a mesma exposição e sucesso que os seus homólogos masculinos. “Em alguns casos, para superar esses obstáculos, as mulheres tiveram que se contentar em serem consideradas artistas secundárias quando comparadas aos homens”, conclui.

Para Sorrentino, a crescente popularidade do Cardi B ajuda a dar mais atenção ao surgimento de novas artistas, como Noname e Kodie Shane. “Outras veteranas da música feminina também entendem a importância de apoiar as artistas de hoje”, diz a colunista.

“As mulheres do hip hop precisam passar mais tempo provando como são fortes e que podem rappers bem-sucedidas. Além disso, elas não são levadas tão a sério na indústria”, continua Sierra Sorrentino.

A colunista do Sonoma State Star vai mais fundo em sua análise: “ao lidar com esses obstáculos, as mulheres artistas também precisam lutar contra a maneira que descaradamente são descritas pelos rappers – seus colegas masculinos-, com inúmeras músicas depreciativas e desrespeitosas. “A cultura do hip hop não é o único subconjunto da indústria da música que maltrata as mulheres, mas a objetificação e a discriminação das mulheres tem sido um tema recorrente no gênero e ainda hoje prevalece”, diz Sorrentino.

A colunista diz que é importante notar que nem todos os artistas do sexo masculino na indústria do hip hop têm a mesma atitude sexista sem remorso. Para Sorrentino, com o passar do tempo, a indústria está começando a ver rappers como o Kendrick Lamar emergir. “Este rapper incorpora os elementos da cultura hip hop, mas também lança mensagens políticas e sociais urgentes em vez de retratar o típico chefão que joga dinheiro entre mulheres”, comenta.

Finalizando, Sierra Sorrentino diz que 2017 parece o ano em que a indústria da música, como um todo, começa a finalmente dar o reconhecimento que as mulheres do rap sempre mereceram. “O gênero hip hop precisa, especificamente, jogar fora seu sexismo institucionalizado e desenvolver um sistema de apoio entre rappers masculinos e femininos. Se artistas como Cardi B continuam a crescer, o futuro do gênero não é apenas feroz, mas também feminino”, sentencia.

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