domingo, janeiro 19, 2025

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Vick, o Tormento das Batalhas

No dia 11 de março durante festa de comemoração aos 30 anos do modelo de tênis Air Max, da Nike, aconteceu uma batalha com rappers que ganharam as quatro principais batalhas, segundo o rapper Emcida. O grande ganhador foi Victor Hugo Barreto, o Vick, o MC tem ganhado quase todas as batalhas das quais tem disputado em São Paulo.

VickTormento, como também é conhecido, nome escolhido pelo seu estilo agressivo, e que atormenta seus opositores com a verdade, é da zona norte de São Paulo, do bairro Eliza Maria, foi revelado na famosa batalha do Metrô Santa Cruz, semelhanças que lembram o início do rapper Emicida. Nos morros da zona norte, convive com seus cinco irmãos, onde muitas vezes é escalado para cuidar dos pequenos.

Sua irmã mais velha o inspirou a ouvir Rap, no início brincava de fazer rimas improvisadas na sua quebrada, nesta época nem passava pela sua cabeça que iria se inscrever numa batalha e muito menos que ganharia. Perguntado durante a entrevista o que considera ser um grande ganhador de tantas batalhas Vick surpreende pela ideia, que talvez vai na contramão do que as batalhas propõe: “Vi que era a mesma cultura do Pão e Circo, vi que estávamos ali fazendo papel de bobo, só humilhando o próprio irmão com um monte de playboy que fica gritando, então eu acredito que nós não precisamos diminuir ninguém pra gente poder dar um passo a frente”, declara o rapper.

Assume que não faz rap como ele diz de “festa”, assegura que se alguém esperar algo assim em seu primeiro trabalho, que sairá no próximo mês, ficará decepcionado, pois sua vertente é outra. Sua grande influência, além do que vê nas ruas e na vida, é Faccão Central, segundo Vick as letras do grupo o fez ser um cara questionador. Num momento de consumo exacerbado de notícia, é interessante sim questionar, e tentar refletir a quem interessa determinada notícia, o discurso de Vick o mostra lúcido com essa questão: “O Facção modelou meus pensamentos, me fez criar uma ideologia, ainda mais quando o Eduardo disse “só questione, não interessa quem está falando, questione” um baguio libertador, poderia ser dito numa aula Filosofia, de Sociologia”, conclui Vick.

Muito cheio de atitude, de ideia, Vick segue nesse seu início com os pés no chão e certo do que quer, que é fazer rap com ideologia. Abaixo principais trechos de sua entrevista ao ZonaSuburbana.

Evento Realizado no dia 12/03/2017 Na casa Air Max:

Início
Em novembro de 2010 na Batalha do Santa Cruz, antes tentava rimar, ficava tentando rimar, brincando na quebrada, tentando rimar com os moleque, mas quando foi quando eu parei para ver a Batalha do Santa Cruz, neste dia eu batalhei, ganhei a primeira batalha, meio que na sorte, ganhei a primeira fase na sorte, mas os caras eram mais superiores, aí depois foi inevitável perder, aí eu gostei e comecei a colar, fiquei colando direto e fui aprendendo e evoluindo.

Batalhas
Quando eu comecei batalhar em 2010, eu meio que fazia o jogo dos caras, que é fazer graça pra plateia, atacar o mano, fazer umas piadas, pra mim isso era o importante da batalha, daí eu fui criando minha própria ideologia e eu vi que eu não precisava disso, vi que era a mesma cultura do Pão e Circo, vi que estávamos ali fazendo papel de bobo, só humilhando o próprio irmão com um monte de playboy que fica gritando, então eu acredito que nós não precisamos diminuir ninguém pra gente poder dar um passo a frente. Eu não tenho estratégia nenhuma não. Eu só faço freestyle, por isso que tem muita gente que fala que eu até decoro, ta ligado? Eu faço freestyle direto e reto, eu não fico perdendo meu tempo pensando na cor da roupa que o mano tá usando, o que a irmã do mano fez, na conduta do mano, eu to ali pra estender a mão, passar minha mensagem, pensar pra frente não pra derrubar ninguém, as vezes eles se atrapalham e perdem pra mim, porque eles ficam me mirando tentando reparar algum erro em mim e tipo eu não fico procurando erro em ninguém, eu deixo as coisas fluir naturalmente, várias pessoas se sentem tocada, se sentem emocionadas com as minhas rimas e eu acho que é por isso que eu ganho, porque eu falo com o coração mesmo

Referências
Facção Central pra mim, foi o que me fez entrar no Rap, porque eu sempre escutei, apesar de eu ter me envolvido com rimação em 2010, eu sempre fui ouvinte de Rap, sempre ouvi (o grupo) Realidade Cruel e Facção Central, e muito mais Facção, o Facção eu me via nas músicas, e mano eu cantava junto sabia todas as letras nunca tinha colado no show do Facção, até eu me envolver mesmo com o rap, nunca tinha colado num show, sempre ouvia as músicas sempre gostei de todas, e ia mesmo para os lugares e os bico me olhavam torto porque sempre ouvia rap pesado. Os bicos sempre falavam que era um baguio demoníaco.

O Facção modelou meus pensamentos, me fez criar uma ideologia, ainda mais quando o Eduardo disse “só questione, não interessa quem está falando. questione” um baguio libertador, poderia ser dito numa aula Filosofia, de Sociologia.

Crítica
É bom ter vários estilos (de batalhas), mas tipo tem que profissionalizar de qualquer forma, não pode ficar do jeito que tá, tudo jogado, tudo ao relento, tem que criar uma liga nacional registrar todas as batalhas, olhar pra essa molecada aí, porque tem muito moleque bom, que nem tipo todo mundo fala ó o Vicky tá ganhando várias batalhas agora, nada, eu estou ganhando batalha desde 2012, ganhando pra karalho, só que ninguém estava me vendo, não tinha uma visibilidade, tem vários moleque que estão ganhando pra karalho, mas ninguém vê, aí depois o cara vai pedir uma assistência da mídia e vão chamar o moleque de vendido, tem que olhar pra molecada, tem que profissionalizar a batalhas, olhar para os moleques e criar uma liga nacional, uma liga paulista, pra registrar todas as batalhas, porque em São Paulo tem muitas batalhas e tem que registrar, mapear fazer uma só e daí dessa sai um representante pra ir para a Nacional, do jeito que tá não dá.

Pós Nike Air
O que trouxe de bom foi a visibilidade, que tipo agora todo mundo ta acessando mais meus videos, procurando minhas musicas e tal, isso é importante, pra passar a mensagem pra todo mundo é preciso que todo mundo escute e foi bom, me trouxe muita visibilidade mesmo, tipo fora que eu ganhei uma merreca e me ajudou pra karalho, ganhei uns boot, então o baguio pra mim foi dahora, muita gente está falando que eu to me vendendo também, mas tipo que se foda,

Reflexões Rap
A geração mudou, tem uma geração que não sofre tanto, segundo eles eles, mas acredito sinceramente que como eu, ainda tem gente sofrendo, então eu não mudo minha vertente, quem quiser mudar que mude, nada contra, mas eu estou vendo sofrimento e tipo o rap abandonou a militância, hoje o rap é desenvolvimento pessoal, até porque o funk dominou a favela, você vê mais funk, porque o rap abandonou as favela, o rap entrou pra dentro dos clube e obvio quando você desocupa um espaço, é óbvio que alguém foi lá ocupar.

Planos
Eu estou juntando a molecada e aproveitando que estão me dando visibilidade, então eu estou tipo revertendo essa visibilidade para os moleques novo, aí eu criei a Uniclã, tem rimador, tem fotógrafo, tem DJ, e tem MC do Brasil inteiro, tem MC de Brasília, do RS, da Bahia, nós temos representantes no RJ, no ES e está crescendo a família, e em cada estado tem uma liderança, em Brasília tem do Zen, que é os monstros do Museu, a liderança do RS tem o Nicolas Walter também, tem vários caras bom, daqui de SP eu estou na liderança e o objetivo é nos juntarmos tudo e unir todos os moleques que não tem oportunidade, que não tem visibilidade e criar uma família monstra. Nós queremos criar a liga paulista, criar uma liga e dar um prêmio decente na final do Nacional.

Vou lançar o CD com dez faixas, rap revolucionário mesmo, só verdade, quem estiver disposto ouvir, fortalecer, como eu digo nas minhas redes sociais, não estou atrás de fama estou atrás de aliado de guerra, mais que reconhecimento é família, quem quiser fazer parte a porta esta aberta pra todo mundo.

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