Vidas Negras Importam, um manifesto, um movimento, um grito.
O racismo institucional diariamente cria muros que impedem a ampliação das discussões que o cercam. Junto a isso, embarreira a criação de soluções e desenvolvimento reformas na maneira de observar e inserir a população negra e não branca na sociedade atual de maneira humana e igualitária. Com x pretx protagonizando o seu discurso, é possível dar outro sentido ao imaginário comum em que se fazem associações com inferioridade e falta de poder ou controle.
“O assunto nos interessa e estamos aptos a compreender, discutir e enfrentar, apoiado em nossas referências pessoais e lutas coletivas, e servindo de exemplo para ampliar as discussões sobre racismo, nasce a vídeo campanha #VidasNegrasImportam, que discute tragédias e invisibilidade mas que carrega consigo uma esperança de mudança e de renovação.”
A narrativa e o conteúdo do vídeo foram pautados na letra da música “Lua Negra” que além de mote principal é trilha sonora. A proposta é apresentar visões de como é ser negro, quais as inquietações e medos, sofrimentos e negações da sociedade e representar com depoimentos reais, o que passa a negritude dentro de suas áreas de atuação, além de desejos e perspectivas para o futuro.
Sobre essa ótica foram convidadas personalidades pra contar suas histórias e trazer reflexão para enriquecer o debate. Contribuíram com este trabalho KL Jay, DJ do Racionais MC’s, Nérida Cocamáro, modelo, Márcio Black e Túlio Custódio, integrantes do Coletivo Sistema Negro, as cantoras MC Soffia e Drik Barbosa, a jornalista e articuladora Neomísia Silvestre, designer Kelen Lima, Aretha Sadick (Performer/Drag Queen), com suas aparições e ou vozes, além dos integrantes dos coletivos Artefato e MOOC, composto por jovens negrxs de diferentes regiões de São Paulo, que tem por objetivo auxiliar outros jovens a contar suas histórias, dando voz e vez fortalecendo iniciativas através do audiovisual.
“Acredito que mais do que falar, o vídeo explica por si só, definitivamente ele toca e traz representatividade pra uma galera, mas a questão é abrir os questionamentos, não se veem pretxs tomando lugares de destaque em outras áreas, é possível contar nos dedos quantos tem num banco em grandes cargos, quantos são executivos e quantos são seguranças, quantos são jornalistas em grandes mídias ou até nas de nicho que discutem nosso meio, a história nunca foi contada por nós mesmos, e quando foi, fizeram questão de alterá-la ou editá-la pra que fosse mais conveniente.
Essa reconstrução de valores é algo que demora, passos de formiga, mas com peso de elefante mais pra frente, unir pessoas pra discutir isso sempre passa pelos estereótipos ou com pessoas com grande destaque, mas e esse meio de campo? A gente dificilmente tem lugares de fala com relevância, porque o filtro sempre passa por alguém que não tá interessado.
Todo o disco tem esse discurso de afirmação e posicionamento como mote, com estéticas diferentes, trazendo vertentes antigas, falando as vezes de forma mais sutil, mas chegar com o pé na porta também é necessário.”, completa, Nego E.